quinta-feira, junho 19, 2008

The Happening


Depois do percalço de A Senhora da Água,filme bem intencionado,cheio de boas ideias e ultra-pessoal mas que resultou numa valente salganhada que lhe ia custando a carreira,M. Night Shyamalan voltou à boa forma:O Acontecimento tem a originalidade de ser uma espécie de filme-catástrofe zen.Nada de extraterrestres perversos destruindo monumentos num festival de raios laser e explosões,nada de grandes correrias pela vida,fugindo de ameaças velozes e vorazes; apenas seres humanos parando o que estão a fazer para,com uma calma e uma frieza maquinais,cometer assustadores suicídios.Como sempre,Shyamalan invoca o suspense à Hitchcock e segue as pisadas de Spielberg:da mesma forma que as idas à praia nunca mais foram as mesmas depois de Tubarão,os passeios no parque também são capazes de passar a gerar alguma desconfiança depois de The Happening.Este é um eco-thriller bem construído,com uma mensagem capaz de nos torturar algum tempo,fazendo-nos reflectir na possibilidade do referido acontecimento poder ser mais do que uma mera metáfora,e é também o filme em que,mais do que em qualquer outro do realizador,está instalado um ambiente de estranheza e de inquietante absurdo quase digno de sonho.E toda a sequência dentro da casa da idosa solitária,e a maneira como essa personagem se transforma,é de antologia...

A ver pela reacção dos críticos americanos(uma vez mais desancando uma obra de Shyamalan e voltando à ideia preguiçosa de que O Sexto Sentido é o melhor filme dele, o que me parece um exagero a partir do momento em que existe um Unbreakable,um passo em frente em imaginação e originalidade),o realizador dificilmente se conseguirá libertar do estigma de one hit wonder.Além disso,as piadas histéricas anti-crítico de cinema de A Senhora da Água dificilmente serão perdoadas.É pena,porque em The Happening está aquilo que nos fez ficar embasbacados quando tomámos conhecimento com o universo do realizador pela primeira vez.Só não há é um twist tão vincado mas,que diabo,somos todos crescidinhos e não precisamos que todas as fitas dependam de uma cambalhota final que nos faça bater palminhas...

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