quarta-feira, julho 01, 2009

Pina Bausch: A última transgressora

Pina Bausch morreu, esta quarta-feira, no hospital, em Wuppertal, na Alemanha.A coreógrafa alemã foi vítima de um cancro fulminante, que lhe foi diagnosticado na sexta-feira passada. Completaria 69 anos no próximo dia 27.
Pina Bausch está para a dança como Michael Jackson está para a pop.Dizem que os domingos são, historicamente, dias trágicos...o último marcou a derradeira vez que Pina Bausch subiu ao palco.
O seu processo de criação era inovador.Expunha os seus bailarinos a diferentes situações, fazendo-os reagir, dessa recolha de sensações, retirava o que considerava mais importante e trabalhava-as.No decurso do processo, montava cenários e figurinos, partindo sempre do nada, dando total liberdade criativa aos seus intérpretes, que apenas respondiam aos estímulos por ela instigados.
Actualmente, são várias as gerações de coreógrafos, actores, cenógrafos e figurinistas inspirados nas transgressões de Pina Bausch.
Por utilizar linguagens então muito distantes do mundo da dança e esticar constantemente os limites ao introduzir canto, teatro e performance nas suas produções, teve vários entraves. Nas primeiras produções, foi muitas vezes insultada e o público abandonou a sala por não considerar o seu trabalho válido.Sobretudo, porque a sua companhia era estatal.
Mas, em 1976, há uma reviravolta, com uma montagem da obra "Sete pecados capitais", de Berthold Brecht/Kurt Weil, que lhe dá o Prémio Europeu de Teatro, o Praemium Imperiale japonês, a Cruz de Mérito do Governo alemão e a condecoração da Legião de Honra, entre outros galardões.
A fama cresceu até para o grande ecrã, onde podemos vê-la com "Café Muller", no filme de Pedro Almodovar, e com "Viktor", em Federico Fellini.
A última vez que Pina Bausch se apresentou em Portugal foi em Maio do ano passado, onde ainda dançou "Café Muller", que esgotou em tempo recorde.
Estava prevista a actuação da companhia no festival de Spoleto, amanhã, com a apresentação da coreografia "Bamboo", uma das últimas da coreógrafa.
Estava também a preparar o regresso a Portugal, em 2011.
Ficará para sempre entre nós a sua obra, como acontece semore com os grandes artistas, a sua obra será IMORTAL.

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